Não lembro bem como começou, mas um amigo me disse que iria “YOLO” na próxima vez. Tentar ser mais “Live in the moment”, essa última sendo uma recente música do Portugal. The man. Nesse momento fiquei intrigado pela percepção do que é estar presente e aproveitar o momento, de que é feito esse carpe diem?

A ideia de carpe diem nunca me despertou qualquer tipo de romantismo ou conexão, a não ser a repulsa pela incessante busca de estar vivendo ao máximo aquele algo. Eu não queria viver tendo que demonstrar para os outros o quão bem eu me sentia e que experiências maravilhosas eu estava vivendo, principalmente porque na minha visão elas não passavam de experiências cotidianas. As demais eram somente momentos de tristeza em meio as alegrias dos pequenos atos. Eu viria a mudar a minha visão quanto aos momentos de alegria e tristeza. Graças à nova noção de presença que desenvolvi.

Antes de começar os meus devaneios acho importante salientar que são devaneios e são meus. Não existe certo ou errado.

A primeira relação que desenvolvi foi com a consciência do momento. Para mim se trata do ato de ouvir, mas não somente ouvir com o nosso sentido e sim com o nosso ser. Eu divido em três: ouvir os outros, ouvir o ambiente e ouvir a si mesmo. Ouvir aos outros é desenvolver a habilidade de perceber os anseios dos outros através do comportamento físico, altura da fala, atenção ao discurso dos demais, troca de olhares quando alguém conta uma piada, etc. Ouvir ao ambiente é se relacionar com tudo ao seu redor, o humor do ambiente, as cores, a disposição dos objetos(imagine se você se sentiria sufocado caso os objetos estivessem em lugares diferentes), a iluminação. Ouvir a si mesmo é como ouvir aos outros, com a vantagem ou desvantagem de poder observar mente a dentro, de sentir os pensamentos saltando e pulsando, vivendo na nostalgia passado, vivendo em angústia do futuro que nunca viverá. Acredito que desenvolver consciência com o momento é se relacionar com tudo ao seu redor, é desenvolver empatia e compreender que embora você esteja lá, talvez você não esteja no final das contas. E assim com os demais, e assim de você com os demais, e assim de você com o ambiente.

Da relação com a consciência do momento é possível aferir com mais acuidade o seu momento. Percebendo o seu espaço e o seu tempo. Como compreender em que momento deixar a festa? É cedo demais? Tarde demais? Já deu? Eu deveria turistar hoje? Só esse autoconhecimento irá ditar o que seria melhor. É dessa relação de ouvir tudo ao seu redor que nasce a consciência do próprio tempo e espaço de estar em um local mais quente ou mais frio, mais claro ou mais escuro, mais ou menos barulhento. Seria esse o momento de terminar a terapia? Seria esse o momento de iniciar um casamento?

Embora possamos desenvolver tais habilidades de consciência praticando a cada ato de momento, que possamos ser auxiliados pela filosofia, meditação e yoga. Como sabermos se os instrumentos que aferem a consciência estão funcionando bem? Como saber se possuímos equilíbrio emocional? Como lidamos com medo, raiva, alegria? A questão é que nossos sentimentos irão afetar nosso julgamento, senti-los não é errado ou ruim, mas nos deixar levar vai nos levar à um lugar de decisões tomadas com pouca razão.

É desse equilíbrio de sentir o que estamos sentindo, de saber que quando acabar vai ter passado. E isso vale pra alegria de reunir pessoas queridas como para a partida de uma pessoa querida. De nos permitirmos ser humanos e nos relacionarmos como nosso “eu” que nasce uma melhor relação com a nossa intuição e a nossa racionalidade.

E por fim, é hora de ficar ou de ir? Será mesmo que o ato vai fazer tanta diferença? Na pior das hipóteses, reconsidere. Some rights reserved